Redução na contratação de vigias pelo estado aumenta insegurança no ambiente escolar em MT


Para o ano letivo de 2023, o governo Mauro Mendes deixou de contratar vigias para atuarem nas escolas da rede estadual de ensino. Quadro de profissionais reduziu em todas as unidades escolares de Mato Grosso.

Publicado: 13/04/2023 11:04 | Última modificação: 13/04/2023 11:04

Escrito por: Andressa Boa Sorte/Sintep-MT

Reprodução
Governo Mauro Mendes segue na contramão da segurança e reduz quadro de vigias nas unidades escolares

O clima de tensão na comunidade escolar em Mato Grosso cresce a cada dia, diante de notícias e relatos que apontam para casos de violência e ataques dentro das unidades de ensino pelo país. Em Mato Grosso, existe um agravante nessa questão: desde o início do ano letivo de 2023, o governador Mauro Mendes, por meio da Secretaria de Estado de Educação, deixou de contratar profissionais responsáveis por fazer a segurança do ambiente escolar.

Para o presidente do Sintep-MT, professor Valdeir Pereira, as medidas anunciadas pelo governo, de alocar efetivo policial com rondas próximas às escolas, não são mais do que a mera obrigação das forças de segurança, que têm o dever constitucional de garantir a segurança e a ordem. Portanto, é mais um caso de “pirotecnia” e um paliativo que não ataca de forma sistêmica a insegurança vivida por trabalhadores e estudantes das unidades escolares do estado, já que não há presença humana de vigias permanentemente no espaço público. 

“Dizer que a polícia irá fazer rondas é mais que obrigação das forças de segurança do estado. Além da medida, para ligarem no 190 em caso de suspeita, o que já uma prática. Se a Seduc-MT tivesse mesmo o compromisso com os trabalhadores e estudantes, anunciaria a retomada da contratação dos vigias para atuarem permanentemente nas unidades escolares em todos seus turnos de funcionamentos, promoveria a realização de concurso público, treinamentos/formação dos vigias para, assim, dizer que aumentou a segurança nas unidades escolares. As medidas anunciadas, pelo governo são importantes, no entanto, há um total desprezo da presença humana na atuação permanente de segurança nas mais de 700 unidades escolares do estado”, criticou.

 

Reprodução
Sintep-MT defende realização de concurso público para ampliar quadro de vigias efetivos nas escolas da rede estadual de ensino.

Leia mais:Seduc-MT reduz vigias nas escolas, flerta com a terceirização e ataca a carreira da educação

Para o sindicalista, o sistema educacional tem suas particularidades e por lidar diretamente com a formação de pessoas, é necessário um olhar humano e que priorize a conscientização. Câmeras de vigilância são instrumentos complementares que não substituem a presença e atuação humana. “Se segurança fosse apenas com câmeras, não haveria vigias/seguranças no Palácio do Governo e na própria Seduc-MT. É preciso um estudo aprofundado sobre o tema para lidar com questões envolvendo violência e intolerância na nossa sociedade. As ações para combater os problemas precisam ter uma visão mais ampla e pedagógica. Atuaram nesses últimos anos e ainda continuam atuando, principalmente agentes públicos do estado de Mato Grosso, com a política de armamento da população e com o discurso do ódio e esqueceram que haveria consequência para a nossa juventude. Os ataques às nossas instituições podem ser reflexo dessas ações inconsequentes e irresponsáveis”, ressaltou Valdeir. 

Para a diretora do Sintep-MT, Cida Cortez, o estado não pode se manter omisso nessa questão. “Estamos falando da vida dos nossos estudantes e também dos trabalhadores da educação. É preciso, por parte do poder público, uma atuação constante, uma política que valorize o profissional que atua como vigia, aumentando esse quadro funcional e dando a formação adequada a eles sobre como agir em casos extremos. Além disso, a formação constante dos funcionários de escola e de todo corpo pedagógico para identificar as possíveis ameaças. Mas infelizmente o que temos visto, é o governador de Mato Grosso ir na contramão desses fatos, reduzindo o quadro de vigias nas nossas escolas, o que é muito incoerente”, disse.

Cida ainda reforça a necessidade de que o governo realize concurso público em todos os setores da educação. “O servidor da educação, concursado, tem condições de receber do estado, todos os investimentos e treinamentos necessários para agir de forma estratégica em casos de violência e ameaças no ambiente escolar. O que não pode é o governo negar que estamos vivenciando “violências” que não estão estritas ao ambiente escolar e, sim, a violência na sociedade como um todo, o que traz reflexos profundos no ambiente escolar”, finalizou.

Redução de Vigias nas Escolas de MT

Entendo o caso:

Em 2023, o governador Mauro Mendes, determinou que não haveria mais vigias nas unidades escolares e que esses seriam substituídos por monitoramento remoto feito por “câmeras inteligentes”. No entanto, com os últimos ataques em unidades escolares e ameaças de novos ataques, o tema segurança das unidades escolares voltou ao debate. Na última quarta-feira, 12/04/2023, aconteceu uma reunião na Seduc-MT e foram apresentadas “medidas” para segurança das unidades escolares. No entanto, em nenhuma dessas medidas haverá a contratação de vigias para atuarem no espaço escolar.

Leia mais: Insegurança: bandidos aproveitam falta de vigia para furtar Escola Estadual