Saúde e adoecimento na educação ganham transparência nos debates dos funcionários de escola
A apresentação foi enriquecida com a contribuição e vivências dos profissionais
Publicado: 06/04/2024 19:43 | Última modificação: 06/04/2024 19:43
Escrito por: Roseli Riechelmann
Fora das estatísticas oficiais dos governos, silenciada entre os profissionais da educação e condenada pelos gestores escolares, “Condições de Trabalho, Saúde, Adoecimentos, Assédios, Insalubridade e Periculosidade”, tema vedado no ambiente escolar, foi exposto durante os debates no VII Encontro de Funcionárias/os da Educação do Sintep-MT.
A apresentação reuniu um time com experiência no assunto. O pesquisador professor doutor da rede estadual de educação de Mato Grosso, Helvécio Pereira Lopes; a dirigentes sindical e integrante do coletivo de Saúde da CNTE, Maria Luiza Zanirato; e a secretária de Assuntos Jurídicos do Sintep-MT, Maria Celma Oliveira. Os olhares diferenciados sobre o tema apresentado, proporcionaram aos participantes informações complementares sobre sintomas do adoecimento, medidas preventivas e, até mesmo, legislações sobre direitos.
A pesquisa realizada pelo professor doutor Helvécio Lopes, apresentada pela primeira vez em Mato Grosso, destaca índices de adoecimento no ambiente escolar. Apesar de realizada por um grupo específico – docentes e estudantes do Ensino Médio – o trabalho registra uma surpreendente condição daqueles que adoecem: o não reconhecimento da própria doença.
“Se o problema fosse uma perna quebrada, era evidente o adoecimento”. Contudo, conforme o palestrante, as doenças da mente não são registradas num raio X, ficando as ocorrências silenciadas pelo estigma de preguiça, justificativa para não trabalhar e até classificada como ‘mi mi mi’. “Os educadores devem ter o direito de reconhecer o adoecimento e o sofrimento, e relatar no coletivo, o que é um sinal de bons resultados”, destaca registrando que muitos se calam e ainda se culpabilizam quando precisam se ausentar das funções na escola.
Nas últimas pesquisas realizadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o percentual nacional de adoecimento na educação por burnout chegou a 49%, conforme relata Maria Luiza Zanirato. A dirigente destaca que o cotidiano das escolas e até mesmo do ambiente sindical muitas vezes ignora a pauta saúde do trabalhador como uma preocupação estrutural na condição profissional. Cita que há resquícios estruturais da escravidão na formação social. “Sermos escravos está em nós”, ressaltou.
A dirigente apontou como justificativa dessa condição o fato que os trabalhadores da educação, diante de tamanhas manobras dos governos precarizando as condições de trabalho e de salário, respondem às arbitrariedades aceitando as duplas e triplas jornadas e a ampliação da mesma. “Hoje a sobrecarga de trabalho é aceita e ignorada pelos próprios profissionais e pelos pares”.
O terceiro foco dado ao tema expôs as lutas sindicais para fortalecer direitos daqueles funcionários e funcionárias de escola expostos a condições de risco. O Sintep-MT, conforme a dirigente Maria Celma, movimenta duas ações sobre insalubridade e periculosidade, especificamente para o segmento de apoio/limpeza e nutrição. No caso dos vigias o enfrentamento do sindicato é para outras garantias. “Nossa defesa e orientação enquanto sindicato é para que os funcionários de escola, e também os professores, se organizem para manifestarem o que é importante para eles aos gestores. É a partir dessa organização que vamos conseguir avançar nos direitos”, conclui.
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