1965 – 2020 SINTEP/MT – 55 ANOS DE LUTAS E RESISTÊNCIA
Nossa História quem faz somos NÓS!
1961 – 1970: da Pré-história sindical passando para AMPP a AMP
1961: Nossa pré-história
O Brasil ganhou a sua Lei de Diretrizes e Bases da Educação. A LDB estruturou o ensino em primário e secundário, dividido em dois ciclos: 1º ciclo, ou ginasial, com quatro séries; e 2º ciclo, ou colegial, com três séries e várias opções curriculares.
Em 1964 realizou-se um censo escolar na ocasião, Mato Grosso tinha em torno de 30 mil alunos/as e 3.944 professores nos cursos primários: 3.423 mulheres e 521 homens. Lembramos que, na década de 1960, Mato Grosso ainda não havia se dividido territorialmente e, além de Cuiabá, existiam alguns núcleos urbanos importantes, como Campo Grande, Corumbá, Dourados e Três Lagoas.
Naquela época, a maioria dos estados já contava com associações de professores públicos primários e alguns com associações de professores secundários. Alguns docentes de Mato Grosso participaram dos congressos que levaram à fundação da Confederação de Professores Primários do Brasil (CPPB), sem, naquele momento, representar uma entidade organizada.
O ano de 1964 foi marcante para a história do Brasil. Além do golpe civil militar que instaurou uma ditadura no país, uma inflação de 80% deixou marcas, inclusive na história dos trabalhadores/as da educação. Os professores, que se reuniam em cursos de férias no Centro de Treinamento do Magistério (CTM), no Coxipó, atual 9º BEC, começaram a se mobilizar por reajuste salarial. Liderados pela equipe de professores do CTM (treinados no INEP do Rio de Janeiro e Belo Horizonte), dirigiram-se ao Palácio Alencastro, sede do Governo Estadual, e maciçamente solicitaram a presença do Governador Fernando Correia da Costa, que, ao invés de atender as reivindicações, tratou-os com desdém. A atitude do governador irritou os mestres presentes e os predispôs a continuar a luta e fundar uma associação que os representasse.
Em 29 de junho de 1965 é fundada, em Cuiabá, a Associação Mato-grossense de Professores Primários (AMPP).
A primeira diretoria foi composta por:
Ruth Costa Marques – Presidente
Ieda Bezerra – Secretária
Inalda Franco Lytton – Tesoureira
Embora não se possa duvidar da intenção de defender a categoria, o fato da AMPP vir à luz um
ano após instaurar-se o golpe militar condicionou um comportamento tímido de seus associados e de sua direção, como que “protegendo-se” contra qualquer laivo de “subversão”.
Como consequência do golpe de 1964 as organizações sindicais da tradicional estrutura varguistas
e o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), onde os comunistas tinham forte atuação, foram
atacados e desmontados pela repressão. Seus dirigentes e apoiadores, nas universidades e em
alguns órgãos de Estado, foram fortemente perseguidos.
Nesse clima, não é de se admirar que a ação da AMPP tenha se pautado por atitudes “bem
comportadas”, de afirmação da categoria, de reivindicação, talvez, mas longe de qualquer pretensão de mobilizar os professores para greves ou manifestações que ofendessem as autoridades. Afinal, eram elas que podiam “conceder” aumentos salariais, abrir concursos, aprovar planos de carreira.
Tinham que ser respeitadas e, até mesmo, louvadas, como forma de sensibilizá-las para valorização da classe do magistério, àquela altura já atingida pela onda geral de desvalorização.
Em 1967 a AMPP foi prestigiada e recebeu um grande impulso institucional: Cuiabá sediou o 8º Congresso Nacional da CPPB, quando professores e intelectuais de todo o país lotaram, em sua abertura, o auditório do Liceu Cuiabano, num evento que tirou Mato Grosso de seu isolamento cultural.
Entretanto, os possíveis ganhos do magistério local perdiam-se em conflitos políticos, administrativos e burocráticos, tal como aconteceu no concurso público de ingresso para o magistério realizado em 1968. Centenas de concluintes dos Normais Regionais de Rondonópolis, Rosário Oeste, Cáceres, Guiratinga, Poxoréu, Alto Araguaia e de outros municípios não puderam se inscrever. Esse fato provocou forte indignação entre os/as trabalhadores/as da educação.
Em 1970 é elaborada a Reforma do Ensino do 1º e 2º Graus, em 11 de agosto do ano seguinte, da Lei 5.692. Por ela, primário e ginásio fundem-se no ensino obrigatório de oito anos, denominado de 1º grau.
Em função disso, não fazia mais sentido investir numa Associação que se limitasse a professores da 1ª a 4ª série. A AMPP se transformou em AMP, assim como a CPPB em CPB.
A entrada dos professores dos ex-ginásios e colégios teve dois significados em Mato Grosso:
A) Aumentou significativamente o número de possíveis associados, já que fundaram-se Ginásios na maioria dos quase cem municípios do Estado;
B) No quadro de associados e na diretoria inseriram-se pessoas com formação universitária, teoricamente mais preparadas e mais críticas para exercer a função sindical.
Data dessa época todo um esforço, discutido nos Congressos da CPB e articulado por sua diretoria, de obter dos Governos Estaduais, com respaldo do Federal, os ganhos legais de valorização do magistério, contidos em decretos e na Lei 5692/71. São eles:
• Exigências de Estatutos do Magistério Público;
• Ingresso na Carreira por Concurso de provas e títulos;
• Direito de progressão, inclusive por titulação universitária, independente do grau de atuação do
docente.
Duas campanhas agitaram a categoria em todo o país: a da aposentadoria especial e da vinculação de verbas, essa última liderada pelo senador João Calmon.
1971-1987 da AMP à AMPE
De 1971 a 1979 a AMP desenvolveu-se lentamente por dois motivos:
O aumento da população de Mato Grosso devido, especialmente, à abertura de novas frentes de colonização no oeste e norte, dispersou o movimento que tinha Cuiabá como epicentro.
Em 1977, Mato Grosso perdeu os municípios do sul para formação de um novo estado, Mato Grosso do Sul, o que fez a AMP reduzir-se a metade de seus associados contribuintes.
Assim, os mandatos das diretorias sucediam-se sem que tomassem decisões combativas frente aos governos estaduais. Mas as mudanças vieram. Alguns fatores criaram condições para uma mudança no grupo de dirigente:
• O Estatuto do Magistério não era regulamentado;
• Não se realizavam concursos públicos;
• Aumentava o número de interinos;
Crescia a proporção de professores migrantes que chegavam com postura de oposição à ARENA, filiados ou não ao MDB.
Em 1979 candidatou-se à Direção da AMP um grupo de renovação, tendo como presidente o Prof. Osvaldo Ferreira da Silva. A chapa, majoritariamente masculina e nascida fora de Mato Grosso, foi vitoriosa e liderou a primeira greve do magistério mato-grossense, que forçou o governador Frederico Campos a realizar, em 1980, um concurso público com quase quatro mil vagas.
Na tentativa de sufocar o movimento, o governo exonera o Prof. Osvaldo e a Prof.ª Maria Orly, secretária da AMP. A Associação sofre ainda a intervenção de uma Junta Governativa, formada por professores próximos das autoridades educacionais.
Nesse momento, o vice-presidente, Prof. Ocanitz de Araújo, organizou uma dissidência regional a Associação Sul-Mato-grossense dos Professores Estaduais (ASPREMAT), com sede em Rondonópolis, que funciona até hoje com o nome de SINPROS.
No ano de 1982 , quando se realizaram as primeiras eleições diretas para governador depois do Golpe Militar, já no primeiro mandato da Prof.ª Senhorinha de Oliveira como presidente da AMP, mesmo contra a sua posição, as bases promoveram nova greve, que obteve um reajuste histórico de 102%, como reposição de 90% de perdas pela inflação anterior. Um novo concurso foi realizado e efetuaram-se as progressões previstas no Estatuto, acalmando até certo ponto a categoria, que teve que aceitar a contragosto o novo governador, Júlio Campos, político populista de direita, acobertado e financiado pelo capital estrangeiro.
1984: Educação de MT em chamas.
Em Brasília as tensões políticas aumentavam com as Diretas-Já e com os sinais de fim da Ditatura, em meio à recessão e à inflação, que cresciam ano a ano. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná os governos do MDB e PDT negociavam com os movimentos sociais, que fundavam a CUT e engrossavam as fileiras do PT.
Em maio de 1984, o vencimento base dos professores/as da rede estadual de Mato Grosso passou a valer menos de um salário mínimo. O núcleo de Sinos proclamou a greve regional e exigiu uma Assembleia Geral da AMP.
Diante do imobilismo da Diretoria Central, líderes das bases, com a cobertura dos presidentes da ASPREMAT, Associação Mato-Grossense dos Administradores Escolares (AMAE), das Supervisoras e das Orientadoras, constituíram um Comando Geral de Greve e movimentaram o estado inteiro com a paralisação e intensas mobilizações. O governo estadual reagiu com violência, exonerando trinta líderes do movimento, inclusive a Presidente da AMP, que imediatamente chamou os advogados da CPB para anular o ato.
Saldos econômicos e políticos.
1- Concessão de um Piso Salarial com aumento gradativo de 1,6 a 3,0 salários mínimos, até janeiro de 1987, baseado num estudo das finanças do estado feito em conjunto pelo Governo e Comando da Greve;
2- Formação de um grupo de “novos sindicalistas da educação”, com representantes nascidos dentro e fora de Mato Grosso e com uma posição política
independente e mesmo de oposição ao Governo e às práticas associativas da maioria das direções anteriores.
1985: Novo Sindicalismo em MT Esse grupo havia, desde o período da greve, fundado novos núcleos e associado muitos professores à AMP. Não foi difícil organizar uma forte chapa nas eleições de 1985 – a Novos Rumos – e sair vencedor. Entre as propostas estava a ampliação do quadro associativo para atingir todos os professores das redes estadual e municipais, e a filiação dos funcionários das escolas.
1987: Nasce a AMPE.
A proposta de filiação dos funcionários das escolas foi apresentada no Congresso Estadual da AMP de 1986 e derrotada. Só foi aprovada depois que os funcionários se mobilizaram e compareceram como observadores no Congresso de 1987, quando a AMP transformou-se em Associação Mato-Grossense de Profissionais da Educação (AMPE).
A mudança criou resistências corporativas de alguns docentes, que organizaram uma chapa com o nome Pró-fessor para concorrer às eleições da AMPE. Ao mesmo tempo, ampliou o debate sobre o ser educador- trabalhador, que acabou por determinar a transformação, dois anos depois, da CPB para CNTE.
A maior contribuição de Mato Grosso foi aprofundar o processo de unificação com a proposta de profissionalização dos não docentes, em que o Sintep/MT é referência até hoje em todo o país.
1988 a 2010: SINTEP/MT nasce e se fortalece
Em 05 de outubro de 1988 foi promulgada a nova Constituinte do Brasil, chamada Ulisses Guimarães ou Constituição Cidadã. Entre um dos direitos assegurados a todos os trabalhadores, inclusive aos servidores públicos, estava o de livre associação e sindicalização.
Também ficou assegurada a unidade sindical, ou seja, o direito de um só sindicato por base territorial representar uma determinada categoria.
Foi um corre-corre para se estabelecer por assembleias ou por registros em cartório esta “precedência” na representação. Na prática, a Associação Mato-grossense dos Profissionais da Educação (AMPE) congregava mais da metade dos professores e funcionários de escolas públicas estaduais de Mato Grosso e um bom número de educadores das redes municipais.
Celebrou-se, pois, no mês de outubro, em Cáceres, um Congresso, com legítima representação dessa maioria e confirmou-se a Diretoria do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (SINTEP/MT), votando-se também a sua filiação à Central Única dos Trabalhadores (CUT).
No Congresso da AMPE, no ano anterior, realizado no Ginásio Dom Aquino de Cuiabá, fora aprovada a filiação da Associação à CUT. O presidente da entidade, Prof. Antônio Carlos Rodrigues, convocou uma Assembleia Geral para oficializar a desfiliação. A Diretoria ficou dividida entre ele, com apoio de uma parte da base contrária à filiação, e, do outro lado, todos os outros diretores, apoiados pelos setores mais avançados do movimento. Até aquele ano os sindicalistas educadores em todo o país se dividiam agressivamente entre os cutistas e não cutistas, chamados também “da Unidade”, por achar prematura uma filiação a qualquer das centrais existentes.
A questão, em nível nacional, ficou resolvida em janeiro de 1988 com a filiação da CPB à CUT no Congresso em Brasília. Com isso, a correlação de forças em Mato Grosso pendeu para o lado contestador da Diretoria, cujos representantes eram os mais combativos e que “carregavam o piano” desde 1985. Daí se explicar a facilidade com que em Cáceres, ao final de 1988, o SINTEP/MT se constituiu sob a hegemonia dos cutistas, atraindo inclusive lideranças que historicamente haviam sido contrárias aos sindicalistas de esquerda, principalmente de Várzea Grande, Rondonópolis.
1989: Primeira Eleição da Diretoria do SINTEP/MT.
No ano seguinte, é realizada a primeira eleição do SINTEP/MT. Vence uma chapa contestadora pura, sob a presidência do Prof. Elismar Bezerra Arruda. A partir daí, o Sindicato tem sido dirigido por diretorias que se norteiam pelos princípios e práticas da democracia sindical da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
O SINTEP/MT tem fornecido para o movimento sindical propostas que são reconhecidas como as mais avançadas. Forneceu quadros como Prof. João Monlevade, Diretor da CNTE por duas gestões; a Prof.ª Maria Luíza Zanirato, Diretora do Departamento dos Especialistas da CNTE por quatro anos; e o Prof. Carlos Augusto Abicalil, Diretor e Presidente da CNTE de 1991 até 2001.
Entre as conquistas mais importantes que a AMP e o SINTEP/MT “exportaram” para a educação pública brasileira estão:
A) Gestão democrática do ensino público, com eleição de diretores e conselhos deliberativos;
B) Horas-Atividade, numa proporção de 50% da jornada, para preparação e avaliação pessoal e coletiva do ensino- aprendizagem, assim como para formação continuada;
C) Piso Salarial para os profissionais da educação, atrelado ao salário mínimo;
D) Programa de profissionalização dos funcionários, com oferta de cursos técnicos em nível médio que os transformem em profissionais da educação.
E) Regime de trabalho em tempo integral.
Anos 90
A década marca o movimento sindical pelos enfrentamentos adotados para consolidar a recém retomada da democracia. Apesar de decretado o fim do regime de exceção, as práticas implantadas pelos governos pós ditadura militar ainda refletiam ações truculentas de coação a direitos. Os trabalhadores da educação registram nesse período confrontos violentos com a polícia de Jaime Campos (1991 a 1995) que pelo uso da força confrontou os profissionais que saíram as ruas exigindo o pagamento de cinco meses de salários atrasados. É dessa época o registro da resistência mais radical do movimento dos trabalhadores/as da educação, com a Greve de Fome de alguns companheiros/as, entre eles o professor Júlio César, no governo Carlos Bezerra (1987 a 1990).
Em 1992 registra-se a forte expansão da luta sindical mais organizada no interior do estado.
1995 Fórum Estadual de Educação e Qualidade que debate os princípios da Lei de Gestão
Democrática que será regulamentada em 1998.
Na presidência de Carlos Abicalil em1996 Período da realização de debates democráticos para a consolidação de importantes reivindicações dos trabalhadores da educação como a Conferência Estadual de Educação, assembleias e audiências públicas nas Câmaras Municipais e Assembleia Legislativa. Desses debates prevalece a proposta de Sistema Único Público de Educação Pública Básica (SUPEB) do Sintep/MT após uma marcante disputa com linhas políticas contrárias que sustentavam a fragmentação do sistema educacional por meio do SUDEB – Sistema Único Descentralizado de Educação Básica, defendido pelo governo do Estado, na época o Governador Dante de Oliveira e o Secretário Estadual de Educação Carlos Alberto R. Maldonado.
1998 - Conquistas consolidadas:
• LOPEB
• Gestão Democrática
• Lei do Sistema Estadual de Educação
2000 A 2009 SINTEP/MT aprofundam suas concepções de luta na organização dos trabalhadores/as.
Com Júlio Cesar Viana na presidência o SINTEP-MT reconhecidamente combativo e propositivo, sobretudo por sua histórica luta de valorização profissional e da qualidade impulsionou sua luta junto aos educadores/as das redes municipais, com a instituição do piso salarial profissional nacional do magistério, com a criação do Profuncionário e pelo reconhecimento dos funcionários/as da educação como profissionais da educação através da Lei n° 12.014/2009.
• Na rede estadual restabelecemos o vencimento em forma de subsídio ao superarmos o pagamento do Incentivo à docência que prejudicou por mais de dois anos inúmeros trabalhadores/as da educação ao arrepio da LC n° 050/98. Fizemos o enfretamento para que o Governo voltasse a reconhecer a formação profissional dos funcionários/as de Escola, respeitando a profissionalização para ascensão na carreira pela escolaridade, modificando dispositivo da LC n° 206/2004 que divergia da LOPEB (Lei Orgânica dos Profissionais da Educação Básica).
• Na questão salarial conquistamos o percentual de 60% de todos os recursos da educação para aplicação em salários consolidada posteriormente na L.C n° 380/2009, o que tem possibilitado uma recuperação do poder de compra dos salários dos educadores/as atingindo capacidade superior ao instituído na LOPEB de 1998.
2009 a 2012 Com o presidente Gilmar Soares sem descuidar da pauta corporativa, o SINTEP-MT se consolidou como sindicato cidadão ao defender questões de interesse social como meio ambiente e sustentabilidade; trabalho decente; proteção à infância e contra o trabalho infantil; transporte e moradia; relações étnico raciais; prevenção ao HIV-AIDS e direitos das pessoas convivendo com HIV-AIDS; respeito às identidades de gênero e orientações sexuais; contra a privatização dos serviços públicos, e outros. Intensificou espaços de discussão e formação dos educadores/as nos mais diversos temas de relevância social e sindical, além das pautas específicas.
• Os índices e os programas de avaliação da aprendizagem, criados pelos sistemas para medir a qualidade da aprendizagem dos alunos da rede pública em todo país, apontou cenários e desafios que marcaram as campanhas salarias do período. O SINTEP/MT mais uma vez protagonizou um forte debate acerca das políticas educacionais em curso. A qualidade da aprendizagem não poderia ser apartada da política de financiamento da infraestrutura de atendimento e de condições de trabalho no interior das unidades escolares. Enfim, a qualidade tão cobrada pela divulgação dos indicadores de desempenho discente, só se concretizaria com essas condições. Com a Campanha “Qualidade na Aprendizagem com Promoção Profissional”, o SINTEP/MT mais uma vez chama a atenção para a responsabilização dos governos sobre o problema da qualidade no ensino público.
2012 – 2015 – Determinação ousadia e Luta.
Já com acúmulo e amadurecimento, o desafio do período foi prosseguir com as bandeiras históricas do SINTEP-MT. Havia conquistas a comemorar, mas o momento exigia garantir e ampliar os direitos dos trabalhadores/as da Educação e fortalecer ainda mais o Sindicato, na perspectiva da defesa de um projeto de sociedade, livre, democrática com igualdade para todos/as.
Em 2013 o SINTEP-MT sob o comando do presidente Henrique Lopes do Nascimento e marcou protagonismo na proposição de políticas públicas. No que se refere à política de valorização profissional, com organização e resistência dos/as trabalhadores/as em educação. De forma inédita conquistou a política da dobra do poder de compra dos salários, por meio da aprovação da Lei n° 510/2013, após 67 dias de greve, e a retomada da hora atividade para os/as professores/as contratados/as. A Lei antecipou a meta 17 do Plano Nacional de Educação (PNE) que previa até 2024, cumprir a elevação do salário dos educadores ao patamar das demais carreiras do mesmo nível de formação.
2015 a 2016 - Um novo momento de pactuar compromissos comemorando 50 anos de existência.
Ao comemorar cinquenta anos de existência, em 2015, o SINTEP-MT desenvolveu a “Campanha DIREITOS A GENTE QUER POR INTEIRO” com a lógica de exigir do governo suas cobranças históricas, como o respeito à Constituição Estadual, que determina que 35% das receitas e transferências constitucionais sejam aplicadas em educação, e a realização de Concurso Público. As investidas do governo sob vários tópicos provocaram à resistência dos/as trabalhadores/as que organizaram um outro movimento paredista de mais 60 dias, contra a privatização da educação pública, por Concurso Público e por recomposição salarial (RGA). Conquista com intermediação do poder judiciário que mediou a conciliação entre as partes (governo e sindicato).
Dada a tratativa entre Sindicato e governo novas frentes de luta foram travadas, tendo no cenário nacional uma agenda de golpe constitucional. Naquele momento as defesas foram para a regulamentação das Diretrizes Nacionais de Carreira, implantação do Custo Aluno Qualidade, o Sistema Nacional Articulado de Educação, execução das metas do Plano Nacional da Educação, elevação dos recursos para a educação ao patamar de 10% do PIB nacional.
2018 Primeira Mulher na presidência do SINTEP/MT.
Unidade Resistência e Luta, para Conquistar e Defender Direitos traz a presidência da maior entidade sindical do estado de Mato Grosso, a primeira representante Mulher. Jocilene Barboza dos Santos, militante sindical desde 1995, foi eleita em 29 de junho de 2018. Mulher, negra e funcionária de escola, adjetivos que qualificaram uma nova visão de governar, em que a igualdade de gêneros deveria ser respeitada e ganhar dimensões concretas no espaço sindical. Na presidência do SINTEP/MT, tendo na vice-presidência, o professor Valdeir Pereira, Jocilene imprimiu nas lutas direitos para além da carreira, direitos sociais, feministas e LGBTi.
2018 Luto na educação.
Foi também em 02 de dezembro de 2018 que, a presidente Jocilene Barboza dos Santos com 42 anos, e o secretário de Articulação Sindical, Júlio Cesar Martins Viana com 65 anos, morrem vítimas de um acidente na altura do Posto Gil. A companheira e o companheiro retornavam de Juara, numa atividade com novos concursados no interior do estado.
2018 Resistência.
O Luto marca a história de luta sindical e faz de 2018 um ano de maior resiliência na política sindical para recuperar a força após o golpe da vida. É com essa responsabilidade que entra na cena o professor Valdeir Pereira, que aos 36 anos, tem a tarefa de conduzir o Sintep/MT, entidade que congrega os/as profissionais da educação pública de Mato Grosso.
Os ataques à carreira na rede estadual, desenvolvidos desde o início de 2018 com os atrasos nas recomposições salariais e leis de carreira, somados a políticas pedagógicas nacionais e estadual com cunho privatistas, comprometendo as defesas e construção histórica dos profissionais, anunciavam momentos de enfrentamento.
2019 É hora de reafirmar nossas conquistas.
Nesse cenário de ataques aos DIREITOS historicamente conquistados era preciso conjugar o verbo RESISTIR de forma coletiva. Em 2019, a eleição de um governador (Mauro Mendes) politicamente coligado a gestores de grandes retrocessos do passado, como a família Campos, reafirmou que o momento era de preservar conquistas. No ano de 2019, sob a presidência de Valdeir Pereira o Sintep/MT registra a mais longa greve da luta sindical na década, com 79 dias.
O forte vínculo do governo com a iniciativa privada traz para as políticas públicas graves prejuízos. A onda neoliberal do final dos anos 90 chega agregada ao conservadorismo extremo e com sinais antidemocráticos, não apenas nas políticas estaduais, mas principalmente nas federais. A pactuação entre os entes federados na defesa do Estado Mínimo, compromete as políticas públicas e os trabalhadores.
Quadro dos Presidentes da AMPP - AMP – AMPE – SINTEP/MT
1965 – Ruth Costa Marques
1966 – Ieda Bezerra
1967 – Leonor Saliés
1968 – Inalda Almeida Franco Lytton
1970 – Joanita Francisca Pinheiro
1972 - Inalda Almeida Franco Lytton
1974 – Maria de Figueiredo Nunes
1977 – Nilce Gomes Bezerra
1979 – Osvaldo Ferreira da Silva
1980 – Intervenção/Junta Governativa não reconhecida pela CPB
1981 – Senhorinha Ana Alves de Oliveira
1983 - Senhorinha Ana Alves de Oliveira
1985 – Antônio Carlos Rodrigues
1987 - Antônio Carlos Rodrigues
1989 – Elismar Bezerra Arruda
1991 - Elismar Bezerra Arruda
1994 – Carlos Augusto Abicalil
1997 - Carlos Augusto Abicalil
2000 - Julio Cesar Martins Viana
2003 - Julio Cesar Martins Viana
2006 - Gilmar Soares Ferreira
2009 - Gilmar Soares Ferreira
2012 - Henrique Lopes do Nascimento
2015 - Henrique Lopes do Nascimento
2018 - Jocilene Barboza dos Santos
2019 - Valdeir Pereira