Artigo

Quando a Educação Pública é mercadoria, quem lucra? O que está por trás do PRA-MT

Publicado: 30/05/2025 15:47

O governo do Estado vendeu todas as matrículas da rede pública para uma multinacional chamada Somos Educação. Essa empresa possui ações na Bolsa de Valores e assumiu o controle das matrículas com o objetivo de apresentar resultados positivos aos seus investidores globais. Para isso, o Estado paga valores altíssimos à empresa.

Tudo indica que os resultados das avaliações realizadas pelo MTAVALIA não estão indo bem. Através dessas avaliações, é possível prever o desempenho dos estudantes nas provas do SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que são aplicadas em novembro. Os resultados do SAEB influenciam diretamente o desempenho da empresa na Bolsa de Valores.

Diante desse cenário, o governo estadual normatizou o Documento Orientativo Pedagógico e Operacional do Programa de Recomposição da Aprendizagem (PRA-MT). Este documento orienta as escolas a separarem os alunos com dificuldades de aprendizagem, alunos com faltas recorrentes e os que abandonaram a escola — o chamado "tripé da metodologia SAEB" — em turmas distintas daquelas compostas por estudantes considerados “bons”.

Mais grave ainda: as escolas confirmam até o dia 30 de maio, as turmas que farão as avaliações do SAEB. As turmas com defasagem de aprendizagem não serão inscritas para a avaliação. Mais uma vez, a Seduc-MT pratica a exclusão de estudantes, adotando critérios que ferem o direito à educação universal e igualitária.

Pais e responsáveis, fiquem atentos: se seu filho não participar da avaliação do SAEB, pode ser o caso de ingressar com uma ação contra a Seduc-MT por discriminação educacional. A metodologia de recomposição da aprendizagem deve ocorrer concomitantemente com o processo regular de ensino-aprendizagem, e não servir como justificativa para segregação escolar.

Infelizmente, diante da lógica do mercado, os alunos passaram a ser tratados como mercadoria e números. O foco não está mais na vida e no desenvolvimento das crianças e jovens, mas sim nos resultados que agradam investidores.

Para atingir esses resultados a Seduc/empresa passa por cima de determinações judiciais, vontade popular, distância e horários de aulas das crianças e jovens. Tudo em nome de resultados ao Mercado, que depende dos bons resultados nas Avaliação SAEB. 

Caso tenham bons resultados, pode escrever como vai ser o foguetório do Governo e dos Diretores. Se saírem mal, se silenciarão e vão atropelar, comunidade escolar, trabalhadores da educação, com objetivo de alcançar bons resultados na próxima etapa de 2027.

Assim está a Educação de Juína e do Estado de Mato Grosso. 

Carlito Pereira da Rocha - professor/sindicalista/vereador em Juína-MT