Sintep-MT alerta que adoecimento da categoria é fruto da intensificação do trabalho
Sob cobranças de metas e assédio moral os profissionais da educação denunciam a exaustão e despersonalização do trabalho.
Publicado: 28/04/2025 17:37 | Última modificação: 28/04/2025 17:37
Escrito por: Roseli Riechelmann

O enfrentamento ao Assédio Moral é hoje um dos principais desafios de luta dos trabalhadores da educação da rede estadual de Mato Grosso. O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), entidade que representa a categoria, revela que as medidas adotadas pelo governo do estado estão adoecendo os profissionais física e mentalmente, implantando um ambiente de trabalho exaustivo e burocrático.
As queixas dos trabalhadores da educação são inúmeras dentro da rotina escolar atual. Da sobrecarga de trabalho, dos docentes, dos funcionários técnicos e apoio, passando pelas inúmeras tarefas cobradas, como cursos online, participação de formações em plataformas, cumprimento de exigência e metas, que, além de não contribuírem com o processo de ensino/aprendizagem dos estudantes, promovem exaustão e insatisfação.
Esgotamento

A profissional da nutrição escolar, Kelly Santos, relata que a escola se tornou um ambiente de cobranças, exigências, sem suporte. “Um círculo vicioso de desgaste e opressão, que tem adoecido os profissionais. Conforme a funcionária da educação estadual, a demanda é maior do que em outros anos. “A gente não tá conseguindo, nem os fornecedores estão conseguindo fazer o atendimento. Vamos para o trabalho entristecidas, estamos vendo os profissionais irem trabalhar adoecido, seja pela chicungunha, dengue e outros. Assim mesmo vão”, relata.
De acordo com o Sintep-MT, o adoecimento dos profissionais da educação coloca os servidores da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) como campeões entre o funcionalismo público do estado em número de pedidos de licenças médicas. Entre as ocorrências existem um número significativo de afastamentos por adoecimento mental: ansiedade elevada, estresse, depressão, burnout.
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Assédio
“Existe toda uma estrutura assediadora, sustentada em práticas autoritárias e a manipulação dos trabalhadores pelo medo”, ressalta a secretária de Políticas Educacionais do Sintep-MT, Guelda Andrade. Conforme a dirigente, na recente paralisação ocorrida em 23 de abril, chegaram nas escolas, por meio das Diretorias Regionais de Ensino, mensagens que impunham como fundamental assegurar o funcionamento das unidades escolares e a garantia do dia letivo.
“A medida afronta o direito de participação em atividade sindical e até mesmo o fato de que a reposição de aulas é um direito dos estudantes. A ameaça trazia ainda o anúncio de corte de ponto”, destaca. Guelda complementa que o assédio moral é uma prática criminosa que tem sido institucionalizada no ambiente escolar de forma sistêmica. Conforme a dirigente, o desrespeito vivenciado contra os profissionais da educação tem sido visto no governo do estado, inclusive tentando impor resultados educacionais.

Insatisfação
“O governo comprou o pacote de plataformas de formação, currículo, e até o apostilamento. Burocratizou o trabalho dos docentes, e não teve resultados reais de aprendizagem, precisando maquia-los. Agora, tenta reverter os baixos índices de aprendizagem com novo programa “Mira na Meta” com aulas aos sábados na tentativa de reverter os prejuízos. Uma ironia para quem sempre foi contra aulas de reposição aos sábados”, destaca o dirigente e professor da rede estadual, Gilmar Soares.
“Hoje existe toda uma estrutura montada que favorece a execução do assédio, desde a organização institucional dentro da secretaria e dentro das DREs, passando pelos pacotes educacionais que retiram a liberdade de cátedra, até chegar na associação dos salários com a produtividade, trazendo para a escola pública a relação de disputa entre os trabalhadores e não a construção coletiva, fundamental para fortalecer o processo pedagógico”, concluiu.